20/01/2009

Os segredos da cultura alimentar tradicional chinesa


A edição 08 do jornal Rosa Rosé trouxe um trecho do livro Por que mulheres chinesas não contam calorias, editora Fontanar, um trabalho de pesquisa e imersão da escritora Lorraine Clissold. Confira abaixo o depoimento da autora e um trecho do livro:

Os anos em que morei e comi na China, e tudo o que aprendi, me levaram a concluir que há uma diferença primordial de atitude na forma como as pessoas se alimentam naquele país e no Ocidente. Em vez de ver a comida como inimiga e focar no que não comer, o que muitas vezes priva o corpo de nutrientes, os chineses focam em tornar a comida saborosa e capaz de suprir as necessidades do corpo. Não ocorre aos chineses aproximarem-se da comida com medo, ou receando que seus prazeres favoritos lhes tragam quilos e centímetros indesejados. Os chineses comem mais calorias, mas não “calorias vazias”, cheias de gorduras e açúcares e desprovidas de nutrientes, que constituem uma grande percentagem do consumo ocidental.

Em 1993, Lorraine Clissold foi visitar o então namorado na China. Em sua primeira noite em Pequim, saboreou três pratos: frango e amendoim, com chilis secos inteiros à vista, um prato de berinjela com um tipo qualquer de cogumelo e, finalmente, ervilhas verdinhas fartamente salpicadas de alho. “Parecia muita comida para duas pessoas, mas o cheiro era tão estimulante que me pus a comer bravamente. Quando vi, os pratos já estavam vazios e disputávamos as lascas que haviam ficado na travessa oval”, conta a autora. Quando saíram do restaurante, ou melhor, do barracão com cadeiras de armar e com mesas de madeira bambas, e ela olhou em volta, percebeu, ao observar os clientes, que na China a boa comida é acessível, e pensou: “Essas pessoas adoram comer, mas nenhuma delas tem excesso de peso.”
No verão de 1995, já casada e morando em Pequim com o marido e os dois filhos, Lorraine confessou que não procurava outra coisa a não ser a verdadeira comida chinesa. Aproveitava todas as oportunidades para freqüentar os restaurantes locais e pedir a maior quantidade possível de pratos diferentes. Durante os dez anos em que viveu na China, aprendeu que os hábitos alimentares de seu povo permitiam que se comesse sem culpa e sem engordar: “Sentia que a minha relação com a comida passava por uma mudança sutil, para melhor. Passei a ser eu quem controlava, não quem era controlada, e essas mudanças foram uma fonte de grande prazer para mim. De fixação, minha obsessão pela comida transformou-se em paixão e eu estava mais magra, mais em forma e mais à vontade com meu corpo do que já estive.”

Lorraine revela em Por que as Chinesas Não Contam Calorias que um dos grandes segredos da cultura alimentar chinesa é pensar em comida como algo que nutre, não como uma fonte de calorias indesejáveis − o que difere completamente do pensamento dos ocidentais, que costumam ver os alimentos como substâncias que engordam e acreditam que a única alternativa para não ganhar peso é a vigilância permanente. Lorraine descreve, no livro, a maneira chinesa de fazer compras, preparar e cozinhar os alimentos, introduzir ingredientes novos e pouco comuns, e esclarece que não é necessário seguir uma dieta totalmente chinesa para aproveitar os benefícios deste tipo de alimentação: “O que eu trouxe da China e o que apresento no livro não são novas receitas, embora eu tenha incluído algumas. É a travessia de uma fronteira cultural para descobrir uma maneira de pensar diferente sobre comida e dieta.”

A autora explica também como os chineses encontram o equilíbrio estimulando os cinco sabores, levando em conta o yin e o yang e incorporando alimentos sólidos e líquidos. Diz, ainda, que eles têm obsessão por comida: a hora das refeições é um acontecimento importante na China. “Eu estava fascinada por encontrar uma nação que realmente se fartava em todas as refeições e tinha um aspecto ótimo. Eu via que a obsessão dos chineses por comida era diferente.” Na China, é possível aproveitar diariamente uma boa dieta, sem reservas e sem o tédio da contagem de calorias, que passou a ser norma em algumas culturas.

“Tenho esperança de que, quando os hábitos alimentares e os padrões de consumo ficarem cada vez mais globalizados, os benefícios da cultura alimentar da China sejam reconhecidos e influenciem o resto do mundo ”, completa.

Leia um trecho do livro aqui.


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