10/08/2010

conflitos criadores

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Rilke pensou várias vezes em fazer psicanálise para solucionar seus conflitos, curar seus medos. Rilke, importante poeta lírico alemão. Mas ele desistiu de se analisar, pois acreditava que "a sua força criativa provinha de seus conflitos, e, caso os elaborasse conscientemente, comprometeria sua criatividade." Ao mesmo tempo que seus fantasmas o bloqueavam a criar o tanto quanto desejava, ele preferiu mantê-los vivos, como inspiradores de sua arte.

"Na realidade, o receio era poder enfrentar as causas de seus conflitos. Pois, evidentemente, sua criatividade se identificava com o ser sensível e inteligente, com a riqueza espiritual e com tudo o que em si pudesse desdobrar de humanidade maior. Com esses recursos de sua personalidade, Rilke seria criativo, e não com o conflito pessoal, as carências afetivas e as inseguranças; o conflito poderia talvez até bloquear a realização das potencialidades.

O caso de Rilke está longe de constituir caso único. Nós todos temos os nossos medos. E sentimos que a criatividade envolve a nossa produtividade, nossa capacidade básica de dar, e de poder receber. Um último problema a se considerar aqui é que, do momento que exista no indivíduo um determinado potencial, surge para esse indivíduo, como necessidade interior, a necessidade de exercer seu potencial e de realizá-lo em sentido criativo. Podendo realizá-lo, o indivíduo se realizaria; sua vida se tornaria mais rica e significativa.

De acordo com as afinidades, as aptidões e os íntimos interesses, cada pessoa sente em si, senão especificamente ao menos em termos gerais, em que áreas poderia caminhar para se desenvolver. Por onde deveria caminhar. As potencialidades existentes constituirão sua própria motivação; serão uma proposta permanente do indivíduo, uma proposta de si para si."

Fonte: OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 9 ed. Petrópolis: Vozes, 1993. 187 p.


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